sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Desprender: soltar-se, desligar-se (Dicionário Aurélio).

É muito bom lembrar de coisas boas: os primeiros moranguinhos colhidos na horta do avô, os passeios na praça regados à pipoca e caçulinha, fugir dos gansos do sítio – loucos para pegar perninhas de crianças sapecas, o primeiro beijo, geléia de amora com requeijão, bigode de leite...
Mamãe me contou bem cedo que a palavra recordar vem do latim re-cordis e quer dizer “torna a passar pelo coração”. Então, se as lembranças tornam a passar pelo coração e podemos escolher o que lembrar, por que machucar nosso músculo cardíaco – não é só o coração emocional que se fere – lembrando de todas as coisas que nos fizeram sofrer e o quanto nossa vida é uma lástima?
Sinto compaixão por certa pessoa. Já quis dar um chacoalhão nela, mas não funcionou. Cada pessoa tem seu tempo para acordar e o que ouvi foi: “seu mundinho é cor-de-rosa”. Então ok!
Acredito que devamos abandonar certas lembranças e tudo o que não está mais funcionando em nossa vida. A vida fica pedindo que mudemos, que abandonemos o velho, que aproveitemos o momento presente, que é um presente. A gift. Uma experiência passada já não existe mais, porém, traz conseqüências.
E não dá para carregar em nossa mala tudo o que a gente recolhe durante a viagem da vida. Na realidade, ela deve ficar bem leve para que possamos andar com um mínimo de peso. Contudo, na maioria das vezes, a chave para se desfazer dessa bagagem extra – e no caso de “certa pessoa” – é o perdão. Saber perdoar aquele que nos magoou, a humilhação que sofremos em um dado momento, o ex-amor, e, principalmente, saber perdoar a si mesmo.
Quem não fecha a porta do passado, não se abre para uma nova experiência.

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