sábado, 27 de setembro de 2008



Finalmente estou aqui, embarcando para a minha viagem tão sonhada: Bora Bora, Polinésia Francesa. Nem liguei para as escalas que o avião faria, tampouco para o aperto da classe econômica, afinal, brasileiro está acostumado com aperto. A recompensa seria um camarote para contemplar o paraíso.
Fui recebida pelos tradicionais colares floridos e flûtes de champanhe e então um barqueiro me levou ao meu bangalô, que ficava em um hotel maravilhoso. Avisou-me que ele seria o responsável em trazer o café da manhã todos os dias. “Igual lá em casa”. Cama king size, travesseiro de pena de ganso, hidromassagem com vista para o mar...
Após desfazer as malas e trocar a roupa, mergulhei no azul mais-que-perfeito que nem sequer um grande pintor poderia imaginar. Jantar à luz de velas, céu estrelado no fundo, sentindo a brisa do Éden... Adormeci tendo a certeza de que a vida é mesmo bela.
Ei, ei, ei! Cadê meu bangolô? Cadê o marzão azul-turquesa, cadê? – despertei com o celular tocando.
- Alô – a voz saiu como a de um coveiro fazendo hora extra em dia de feriado.
- Bom dia, aqui é a gerente do banco, tudo bem?
“Só se for com você”
- Tudo bem – disse eu, tentando ser otimista.
- Estou ligando para avisar que caiu um cheque em sua conta e você precisa depositar o dinheiro que falta antes do meio-dia, tudo bem?
“Só se for pra você”
- Tudo bem, logo estarei aí.
(...)
Porcaria. Será que se eu dormir novamente acordo em Bora Bora? O jeito era levantar e preparar o café, porque o barqueiro não viria mesmo.
- Bom dia! – disse meu pai com seu bom humor habitual – alguma novidade?
- Bom dia, pai. A gerente do banco ligou. “Ai” – respirei fundo à espera do sermão.
Depois de ouvir um sonoro “quem não trabalha não gasta”, fui ao banco. O rombo não era astronômico, mas caso não fizesse o depósito ele ficaria proporcional à distância que me separava de Bora Bora.
- Pronto. Tudo certo agora? – questionei à gerente.
- Sim, vamos até minha mesa que tenho boas notícias para você.
“E banco dá boa notícia?”
- O que acha de ter o limite de seu especial aumentado? – perguntou-me – Entaõ, eu estava olhando e vi que você não te seguro de vida e ...
Cortei-a:
- Olha, muito obrigada, mas eu não pretendo morrer nos próximos 70 anos. Tem mais alguma boa notícia?
- O contrato de seu especial vence daqui a 45 dias e seria mais fácil renová-lo se fizesse o seguro. Pense a respeito.
(...)
Adormeci com um elefante nas costas, entretanto, despertei com um som familiar: era o barqueiro que me trazia uma enorme bandeja de guloseimas. Nunca o bangalô foi tão aconchegante. Sorte minha viver no paraíso.




Um comentário:

Anônimo disse...

Uhuuuuu
Agora sim eu posso comentar! rsrs
Beijinhos!
Saudades! É pleonasmo dizer que tbm adorei este canto?